Autores:
Inês Campos Pinto, Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, Membro do GESIJ,USF Ria Formosa – Faro;
Ana Rita Correia, Assistente em MedicinaGeral e Familiar, USF Ria Formosa – Faro
O agente etiológico da varicela é o vírus varicela-zoster (VVZ). A transmissão ocorre pela inalação de gotículas respiratórias e/ou por contacto direto com o líquido das vesículas características da doença. É altamente contagiosa, com mais de 90% dos casos em crianças com idades inferiores aos 10 anos.
A varicela comporta absentismo escolar e/ou laboral importante, pois apresenta taxas de transmissão variável entre 61 e 100% e é, quase sempre, sintomática.
Apresenta um curso tendencialmente benigno, sendo que a maioria das complicações graves, sejam as associadas a sobreinfeção bacteriana (celulite, pneumonia, fasceíte, choque tóxico) ou ao próprio VVZ (cerebelite, encefalite, pneumonia), ocorrem maioritariamente nos adolescentes, adultos e indivíduos imunocomprometidos.
A reativação do VVZ latente pode surgir sob a forma de herpes-zoster (HZ) e, ainda que rara na criança, pode afetar até 30% da população.
O diagnóstico é, geralmente, clínico, com queixas prodrómicas a preceder o exantema pleomórfico característico, com lesões em diferentes estadios e progressão céfalo-caudal. Em cerca de 12h a 14h as lesões apresentam uma evolução desde pequenas máculas eritematosas, para pápulas, vesículas (pruriginosas), pústulas e posteriormente formação de crostas.
Usualmente existe um contexto epidemiológico, com exposição a um contacto cerca de 10 a 21 dias antes do início dos sintomas (tríade de erupção cutânea, febre baixa e mal-estar). A anorexia, náuseas, cefaleias e mialgias mais característica em adolescentes e adultos.
Tipicamente, o indivíduo é contagioso no período que decorre entre 1 a 2 dias antes do início do exantema até que todas as lesões se transformem em crosta.
As vacinas contra a varicela, contendo VVZ vivo atenuado (estirpe Oka), existem sob a forma monovalente ou combinadas com sarampo, papeira e rubéola. Em Portugal apenas estão comercializadas as monovalentes, a Varilrix® (GSK) e a Varivax® (MSD), sendo imunogénicas, seguras e eficazes.
Consulte aqui a Tabela 1.
Não deve ser administrada a pessoas imunodeprimidas, grávidas e crianças com idade inferior a 1 ano, e a crianças ou adolescentes com terapêutica concomitante com salicilatos.
Os salicilatos devem ser evitados durante 6 semanas após a inoculação, pelo risco de Síndrome de Reye.
Após transfusão sanguínea ou imunoglobulina humana, a vacinação deve ser adiada por, no mínimo, 3 meses no caso da Varilrix® (GSK) e 5 meses na Varivax® (MSD).
Deve ser adiada nas situações de síndrome febril agudo grave.
Após 1 mês da imunização, até 10% dos adultos e 5% das crianças desenvolvem uma erupção cutânea generalizada ou localizada à área da inoculação. A doença nos vacinados é, geralmente, ligeira, com uma proteção significativa contra a sobreinfeção cutânea.
Também a estirpe vacinal pode causar HZ, não sendo o risco superior ao da infeção pelo vírus selvagem.
Pelo risco de transmissão secundária pós vacina, que é muito baixo, o convívio com indivíduos suscetíveis de alto risco (imunocomprometidos, grávidas não imunes e recém-nascidos) deve ser evitado por um período de 6 semanas pós inoculação. Não está documentada transmissão na ausência de erupção pós-vacinação.
Podem ser administradas a par das vacinas do PNV.
As duas doses, mostraram eficácia elevada a longo prazo, conferindo proteção individual contra todas as formas de gravidade e redução potencial da transmissão.
A Comissão de Vacinas da Sociedade Portuguesa de Infecciologia Pediátrica recomenda que sejam administradas a:
- Adolescentes sem história conhecida de varicela, pois a vacinação desta faixa etária não acarreta modificação do padrão epidemiológico e têm maior suscetibilidade a doença grave. Deverá ser excluída gravidez nas adolescentes do género feminino e poderá titular-se anticorpos IgG nas situações com história negativa ou duvidosa.
1 - Choo PW, Donahue JG, Manson JE, Platt R. The epidemiology of varicella and its complications. J Infect Dis. 1995 Sep. 172(3):706-12
2 - Chartrand SA. Varicella vaccine. Pediatr Clin North Am. 2000 Apr. 47(2):373-94.
3 - Durrheim DN. Varicella vaccine: local convenience or global equity?. Lancet. 2006 Dec 23. 368(9554):2208-9.
4 - Recomendações sobre Vacinas Extra Programa Nacional de Vacinação 1 [Internet]. [cited 2023 May 4]. Disponível em: https://www.spp.pt/UserFiles/file/Seccao_Infecciologia/recomendacoes%20vacinas_sip_final_28set_2.pdf
5 - RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO 1. NOME DO MEDICAMENTO [Internet]. [cited 2023 May 4]. Disponível em: https://gskpro.com/content/dam/global/hcpportal/pt_PT/home/pdf/varilrix-rcm-11-2021.pdf
6 - Folheto informativo: informação para o utilizador [Internet]. [cited 2023 May 4]. Disponível em: https://msd.psales.pt/wp-content/uploads/2019/05/Varivax_FI_2020.08.13.pdf
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